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Txera-kankan

Txera-kankan

Uma ideia colorida para continuar.

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 Tarrafal já teve algumas primeiras damas, mas parece que esta é a primeira primeira Dama Nacional de Tarrafal de Santiago disposto a pintar atitudes boas nas pessoas, a presença de uma primeira dama nesses projectos é muito importante para aumentar a auto estima dos jovens e cultivar atitudes positivas para a cidade que queremos e idealizamos desde Bilimboa até achada Meio. E claro que gostei, atitude supinpa da senhora e dos intervenientes. 

 

 

 

Citrato para os reformados.

 

O senhor Pirex ainda estava a recuperar da sua perda. A morte da esposa, que se deu a enterrar a menos de dois meses, a morte as vezes apresenta-se como um novo recomeço ou o fim de uma longa história, como o casamento do pirex e da dona cumercinda que durou 45 anos, na casa só restou os netos e a empregada que era uma atleta e ginasta, mas também, um fenómeno corporal, na casa habitava, também, o cão.

O casarão já tinha sido terminado a sua edificação a menos de dez anos, é uma casa de duzentos metros quadrado, que deveria ter divisões mais consoláveis e vastas, encurtaram o espaço dos quartos e das salas e mantiveram o vício dos primeiros imigrantes de que ter muitos quartos na casa dividida de forma pequenininha dando a ideia de que ali vive mosquitos, era sinal de ter sido um grande imigrante e que trabalharam a para a sua terra e dava ideia que podia caber toda a família.

Todas as manhãs toda a família se reunia para tomar o pequeno-almoço, juntos, o senhor Pirex sentava na cabeça da mesa, a empregada de pé sempre a servi-los, e os netos, dois rapazes e duas meninas, compunham a mesa da refeição tanto no pequeno-almoço e noutras refeições do dia, o Geraldino é o neto mais novo de sete anos, uma criança apessoada com as novas tecnologias e muito amigo do seu cão, e esta sempre na internet procurando coisas, uma delas era descobrir o significado de uma das palavras que o medico disse que esteve relacionado com a morte do irmão do Pirex que também tinha morrido há mais de um ano com oitenta anos.

O mal das crianças é que já nascem pensando que sabem tudo, basta entrar no Google que ali paralisa todo o desejo e a fantasia de aprender por si mesmo. A palavra que o Geraldino estava a procurar ali estava muito bem definida, o problema era o nível de linguagem que a mesma se encontrar redigida e definida, não entendia nada o Geraldino, mas ali insistia religiosamente, ele queria surpreender o seu avô, com a palavra e a definição. Mas o avô já estava um pouco aborrecido com o café que estava a esfriar na mesa, e as outras crianças estavam a terminar o pequeno-almoço.

-Geraldino, larga isso e termine o seu pequeno-almoço.

-espera um minutinho, que já acabo, disse o Geraldino com uma atenção diabólica a frente do Tablet.

-agora Geral. Com cara muito seria encolerizou Pirex. Termine o pequeno-almoço e depois volta a usar aquela coisa. Assim fez o Geral, pegando no seu copo frio de café, um pedaço de pão com queijo.

-avô poço lhe fazer uma pergunta?

-depois do pequeno-almoço Geraldino, já avisei para não fazeres as tuas perguntas no pequeno-almoço, deixa disso, ó criança curiosa, respondeu Pirex mais calmo desta vez.

Geral ficou olhando fixamente nos olhos do Pirex, e levantou o dedo indicador, apontando que é só uma pergunta e mas nada.

-depois de terminar o pequeno-almoço, podes me perguntar.

-viva, disse o Geral.

Pirex naquela idade parecia não aguentar a responsabilidade de tomar conta dos netos, momento que ele escolheu para morrer na sua terra, depois de cinquenta anos de trabalho duro nas obras em Portugal e França, sempre trabalhou para ter uma vida condigna na sua terra e viver bem da sua reforma, mas, muitas vezes o trabalho duro nos países dos outros nos tira a dignidade, reclamava baixinho de vez em quando o Pirex, não deixava os netos ouvirem e nem a esposa quando estava viva, é que o orgulho e a gratidão ao país que o acolheu não o deixava aumentar a voz, muito menos a possibilidade de ter feito uma péssima escolha quando emigrou ainda jovem perdendo toda a sua juventude trabalhando na terra dos outros, para hoje, viver com joelhos arruinados, coluna luxada e uma vida inteira pensando que ser imigrante era uma profissão e não uma orientação que a vida dá aos homens e principalmente os homens dessas ilhas de olhos secas. Eu conheço todas as medidas da dignidade de um homem, dizia isso repetidamente aos netos. Só quem trabalho com um bixeiro sabe disso, resmungava pela casa sozinho o Pirex.

Ai é que a dignidade de um homem só não desvanece por sermos um povo arquitectado contra todas as adversidades. O cabo-verdiano. Se nos colocarem em marte dominaremos, se nos colocarem no Céu ficaremos amigo do dono sem nunca pedir perdão, mas saberemos mudar o curso das águas de chuvas para a nossa terra para que nunca mais haja imigração, seca e estiagem.

Pirex voava nos seus pensamentos, olhando nos olhos dos seus netos, sentindo a obrigação de atribui-los a oportunidade de serem livres e com um futuro garantido, tinha uma boa reforma, estava sozinho e necessitava de conquistar novamente o que restava da sua família.

Geral é o neto mais inconformado, sobretudo muito curioso, estava sempre a perguntar e a inquirir, mas, a inquirição do momento era saber o significado daquela palavra.

-avô agora que já terminei, poderas-me dizer o significado de forma mais simples daquela palavra, é que aqui na net está difícil de entender.

-vá la diga.

-avô é que aqui diz que a maioria dos reformados e idosos principalmente homens morrem de ataque cardíaco devido ao elevado uso deste fármaco, e como o senhor pela idade que aparenta ter parece ser um dos prováveis usuários da coisa mencionada, queria só perguntar o significado da palavra, tendo em conta que o médico disse que o meu tio-avô morreu devido ao uso constante e exagerado daquilo.

Pirex esta longe e nem imaginar até onde iria a curiosidade do pequeno Geral.

-pois já te disse para perguntar.

-então, vai la, disse o Geral. Avô o que é Citrato de sildenafila?

Segundos depois de a palavra ter saído da boca do pequeno rapaz, Pirex grunhiu a cara dando a exacta ideia de que espantou com a pergunta, deslizou a mão na cabeça levantou, passou a mão na cabeça de cada um dos netos e andou em direcção à sala, e os netos o seguiu. A empregada recarregou na pergunta dizendo ao velho se não vai responder.

Depois da morte da mulher nos primeiros dias sem a presença da esposa Pirex não tinha amanhecido algumas vezes na sua cama, e a empregada algumas vezes tinha atrasado na composição do pequeno-almoço.

Depois da pergunta constrangedora da empregada, Pirex sentou-se no sofá colocou a mão na cara inspirou e expirou, tudo isso a procura da melhor forma de responder a pergunta de forma fácil. Mas o netinho simplificou a pergunta.

-avô, como já tenho a definição da palavra, então me diga quais são os desfechos que esse fármaco pode trazer para um homem? A pergunta pegou em cheio o Pirex que estava decidido em ajudar os netos a serem homens, na sala só ficou a empregada o neto e Pirex, a empregada se metia em tudo depois da morte da mulher até na fila para receber a reforma do Pirex ela providenciava, Inventava balbúrdias com outros familiares do Pirex com intuito de afasta-los da casa do homem. Faltava pouco para tomar o trono da extinta esposa do velho Pirex, até o pénis que estava morto no esquina do Pirex já despertou algumas vezes depois de os netos se terem recolhidos para os seus aposentos.

Pirex esta ciente de tudo, tanto ciente daquilo que a pergunta do rapaz o fez pensar, aliás repensar o seu comportamento em relação a defunta mulher que ele acabara de enterrar e trair, alias não se trai um morto, já que a morto não morre e não vive.

-meu neto, o verdadeiro sentido do Citrato de sildenafila se reside na obtenção do enervamento dos órgão sexual e o recrudescer de desejo no caso de pessoas da minha idade, ou seja é o ressuscitar de um morto, e na maioria dos casos esse arranjo atrai outros perigos, por exemplo atrai aproveitadoras da meia-noite que vem perturbando o sono de um velho como eu com o seu corpo venenosa e transpirada de suores e de temperos de cozinha, Pirex dizia olhando para a empregada. E perguntou.

-você queria me matar! Em três noites me deu dois desse fármaco quando fui ter consigo. A empregada ficou calada olhando nos olhos do velho Pirex e a raiva subia nos olhos do velho e cada vez que aproximava da empregada, mais fria e parada ela ficava a frente do homem, Pirex tremia e os dedos da mão já estavam travadas, o neto saiu a correr para o quarto procurando a ajuda dos outros irmãos, e a empregada manteve ali, fria olhando o homem a dar o ultimo folgo, retirou tudo o que havia no bolço do homem e meteu na sua sutiã, e Geral estava chamando os irmãos.

-joana, António e juma, venham para a sala o avô esta a passar mal. Da distância do quarto para a sala foi suficiente para encontrarem Pirex friamente morto nas mãos da empregada que tantas vezes fizeram os corpos se morrerem na noite, agora o matou na sua mão com olhares frio e trôpego.

- Amor, noite, corpos dos anciões, poções de viagras é um convite para a morte. Disse a empregada esforçando um pezinho de lagrima no canto mais escondido do olho. Chegou os netos na sala observando o avô e o Geral chorando, mas, por não ter recebido a resposta cabal da pergunto que ele tinha feito ao avô acabado de falecer.

-é viagra. Disse a empregada ao Geral.- Viagra quando é ingerido de forma exagerada provoca ataque como o do seu avô-tio e o seu avô, e ele nesses últimos dias me comeu com muita viagra. Calado ficou o neto, e o cão começou a latir, latir. Latir.

 

 

...

A dinamarquesa

Na taberna o assunto do momento era o salvamento da menina de Dinamarca no mar de Tarrafal que já tinha acontecido há mais de cinco messes no qual ela acabou por casar com o seu salvador, a menina veio abrir um negócio no Tarrafal a fim de esquecer da sua antiga relação que acabou de forma estupida com o companheiro a fugir, de qualquer forma na boca do povo da tasca estavam bem falados. Mas, a supressa era o reaparecimento do desgraçado.

Na mesa da tasca acabou de sentar Chack, acompanhada do seu marido e mais um individuo dinamarquês que acabaram de encontrar e convidaram-no para os acompanharem num copo na taberna ao lado da rua dos Amadores.

O odor de café deambulava pela estrada a fora, momentos misturava com a brisa do mar e em outros momentos misturavam com o cheiro da pesca, a estrada apresentava suja de flores que caiam as centenas nas ruas sem ter comovido nenhuma alma. Chack fez sinal para a garçonete de serviço para trazer uma cerveja para o marido e um grogue para o compatriota que acabara de sentar ao lado da Chack com alguma intimidade a frente do marido que apresentou-se minimamente despreocupado, mas o Tiku resmungou da acção pouco normal, Tiku que passava mais momentos na tasca do que dentro de casa, Acabaram de esbarar com o dinamarquês e ainda veio com a ousadia de apalpar a Chack. -eu acabei de casar ontem me respeita seu desgraçado! Disse a Chack para o intrometido dinamarquês, mas a chack estava cada vez mais chocada a medida que o tempo passa.

-então como é que estão as coisas nessa nova vida de casado Chack? Perguntou o dinamarquês. Despreocupado, mas valorizando o salto na vida que a chack deu.

-é uma situação nova que nunca mais pensava que iria sentir ou pensar ter, mas, sinto-me muito valorizada, há muito tempo que não me sentia assim, realmente existe pessoas no mundo que foram feitas uma para outra, neste caso o meu marido que encontrei nesta terra de sol e de azagua descontinuada, mas também de flores que morrem sem uso. Disse a Chack provando o seu a vontade na cidade, e na vida do seu marido.

O dinamarquês, sempre fitava a Chack nos olhos com a vontade de dizer alguma coisa que faltou dizer em alguma ocasião que antes eles tinham encontrado. Nos olhos do homem luzia lamentos de saudade de alguma intimidade que possuía com a Chack. – Eramos tão felizes. Resmunou baixinho o dinamarquês.

-o quê que te aconteceu, Frank? Tu me deixaste e simplesmente desapareceu, sem deixar pegadas, há mais de dez anos ninguém sabia nada de ti, procuramos por ti pela Dinamarca inteira! Por coincidência encontro contigo nesta tasca num país que nem os nossos ancestrais escandinavos pensaram que existisse. Perguntou a Chack, mas também fazendo algumas considerações, Chack é uma mulher alta os olhos dela apresentam o azul do Céu e o seu condor.

 Enquanto o marido da Chack falava com o Tiku, o dinamarquês acariciava a Chack na cara, e ela insistindo na procura do porquê do súbito desaparecimento. – Antes de te dizer o porquê, convidaria te para a minha residência e depois lhe direi o que é que se passou durante esses dez anos que deixei tudo para trás na Dinamarca e vim estabelecer a moradia nesta terra do norte desta ilha.

Hesitou por um momento a Chack, que pensou na desculpa para se livrar do marido que manteve em silêncio desde o início da conversa dos dois. Chack, que estava a falar na língua materna da Dinamarca com o Frank, interrompeu a brincadeira do marido com o Tiku dizendo que tem de se ausentar por umas horinhas, e o marido nem se moveu nenhuma nesga de ciúmes ou autoridade de marido recém-casado perante a atitude da Chack.

Apanhou a sua bolça, terminou o seu café despediu do marido com um beijo na boca e acenou com a mão para o Tiku, levantaram olhando penetrantemente um para o outro, naquela tarde de calor abrasador ao abandonar o espaço, o dinamarquês fez um sinal meio desencurvado de despedida ao marido da Chack dizendo até logo, e o marido fez o sinal com a cabeça, e o Tiku fez um sinal ao marido parecendo querer dizer ao marido. – Tu és mesmo uma bosta sacripanta. Talvez por ter ficado calado permitindo a esposa falar numa língua estranha que ele não entende e com outro homem, e ainda deixar a sua mulher se ausentar com outro homem, talvez ele não chegue a ser sacripanta. Talvez, burro-anta.

O Tiku, atendia todas as pessoas da tasca com um simples olhar e abanava a cabeça, quando ele abanava a cabeça para alguém, porque a pessoa era do bem, é um grande acompanhante dizia o marido da Chack, eles dois eram grandes amigos, o Tiku já chegou a passar um dia inteirinho sem dar o seu sinal de ser vivo por não ter visto o marido num dia, o marido e a Chack tornaram fregueses assíduos da tasca desde a altura que conheceram naquele dia fatídico na praia de Tarrafal, no casamento dos dois ele tinha até a mesa reservada, em certos momentos até no coração da Chack, que primeiro o achou abandonado sem pai e mãe feito um vira-lata sarnento e cuidou dele depois de ter juntado com kadjinhu, tornou mais intimo do Kadjinhu do que a Chack.

O Kadjinhu antes de ter casado com a Chack passava os seus dias na praia da Tarrafal, durante o dia, praticava exercícios físico, ajudava a tirar as lanchas da água e os pescadores lhe agradecia com os peixes, há mais de cinco anos o Kadjinhu tinha saído da tropa, e a experiencia que ele tinha adquirido na milícia lhe permitiu conhecer os homens e as suas maldades, mas também aprendeu a conviver com a maldade ele sabia fazer a maldade, quando não estava a fazer nada que prestava ouvia o livro de Sun Tsu, a arte da guerra, mas também ouvia livros de auto ajuda de Augusto Cury, desprezava os livros de Paulo Coelho, não por ter lido muitas vezes, mas, por ter enjoado dos assuntos tratados.

O ponto mais forte de Kadjinhu era a natação, actividade desportiva que ele tinha destacado na tropa que o serviu para salvar algumas crianças que afogavam na praia de Tarrafal, nunca cobrava nada e não gostava de agradecimento dos pais e nem das autoridades. Devido a esta atitude as rabidantes que rabidavam na praia lamentavam muito não terem a chance de compreender um moço tão jovem e bonito. Quando elas se agrupavam para promoveram as suas leviandades elas abriam a foto de Kadjinhu no telemóvel, um dizia.- Eu quero o pescoço. A outra dizia eu a boca, a outra eu prefiro os peitos, e a mais velha dizia eu prefiro o pau, e a mais nova eu prefiro a bunda. Ele não bebia, não parodiava o seu hobby favorito era o desporto, ajudar os outros e cuidar do seu corpo. Quem me dera ter este mutxatxu, dizia a Enezita que preferia o Kadjinhu por inteiro, uma espanhola que já estava entrosada com o projecto da rabidância pela vila de mangue, ela gostava do kadjinhu, mas nunca teve nenhuma chances de se aproximar intimamente do rapaz, Kadjinhu o ajudava na contagem dos peixes por pares, a ajudava no transporte do pescado e ainda o elogiava pela coragem de ter abandonado tudo na Espanha para vir fazer o trabalho da rabidância em Tarrafal de Santiago, o capital Mundial de rabidância que importava rabidante[1] espanhola, troçava o México.

 O kadjinhu, apesar das más brincadeiras das rabidantes não desistia de fazer o bem para elas, é com o bem que se dá bem e podia chegar a onde se pretende, acreditava ele que negando as paródias das rabidantes era um bem, não mandar palavrões como preceituava os pescadores era resquícios de ter ética, limpar a praia sem ter de esperar pelo serviço municipal é uma obrigação de todos e de ele enquanto frequentador diário daquele lugar. Quando chega a tardinha o Kadjinhu vai para casa ajudando os pescadores com motores que vinham da faina da tarde. A quase um mês que o kadjinhu não aparecia na Praia devido ao rumo que a sua vida tomou, casou com uma dinamarquesa que vendia folhas de Tarrafa e algodoes doce na praça dos verbosos que fica a frente da sede municipal.

Já são seis da tarde e a Chack não regressou ainda, kadjinhu, até aquela hora estava sentado na rua da tasca com o seu escutador nos ouvidos, enquanto o Tiku dormia compassivamente, tocou o telemóvel.

-sim, quem está lá. Era a Chack do outro lado pedindo ao Kadjinhu para o buscar na casa do Piter, aparentava pela vos que não estava bem.

-mas o quê que esta acontecer? Disse o Kadjinhu preocupado.

A partir daquele momento Kadjinhu começou a por tudo em dúvida, encetou a pensar na liberdade que deu a Chack, e aproveitou para se meter com o Piter, essa foi a primeira reacção do Kadjinhu, Piter o homem que ele bem conhecia e pelo nome de Salomon kane[2]. – Se ela me confirmar que deitou com aquele canalha, eu … nem sei mesmo, os pensamentos de varias ordens e tamanhos invadiam a mente do Kadjinhu sempre esquivando a cabeça para lá e para cá para não entrar aquela coisa que os homens gostam pregar nos outros. Sim aquela coisa pontiaguda.…o Chifre. O telefone voltou a tocar.

- Estou!

-Kadjinhu vem ou não? Disse Chack, muito magoada.

-já estou a caminho. Kadjinhu levantou devagarzinho para o Tiku não acordar e apanhou a chave do seu velho Starlet amarela e pôs-se em direcção ao norte da vila, ainda pensando no que ele ia fazer caso o que estava pensando fosse verdade, mordia os lábios, o nervo trepava na testa e apertava o volante como se fosse o fino pescoço da Chack, faltava a menos de vinte metros para ele chegar a casa do Piter ele aumentou a máxima de luz do carro e olhou a Chack de cabeça aos pés, linda e atraente é a Chack que tinha um vestido que caia até os joelhos apertava um bocadinho na cocha a cor combinava com os cabelos dela, negros, tirando o brilho que os cabelos delas cintilavam na noite parecendo desvarios das bruxas. Parou o carro, Kadjinhu desceu e olhou a casa e reparou muito bem o ambiente que se vivia naquele momento, era um lugar que vivia duas pessoas há muito tempo, ainda tinha raiva pensando que a sua mulher foi estraçalhado na cama pelo Piter em pleno dia que eles iam para o respectivo lua-de-mel e pararam para tomar um café e por coincidência encontraram aquele Piter, lamentava frequentemente o kadjinhu, que também estava confuso sobre se ia abandonar toda a sua calma que deu tanto trabalho para assimilar através do livro de sun tsu.

-ô meu amor, vamos embora e nunca mais quero mirar pela imagem daquele que um dia foi o meu marido. O Kadjinhu estava espantado pela tamanha revelação, mesmo abraçando a esposa e se ter livrado da raiva não conseguiu tirar os olhos do Piter que estava a janela acompanhado de uma pessoa que não conseguia ser reconhecido no escuro.

-ele me desprezou no mais íntimo desprezo que uma mulher poderia sofrer. Chorava a Chack nos peitos do Kadjinhu que aguentava em silêncio. Enquanto iam em direcção a tasca para procurarem o Tiku que ainda dormia a Chack pensava nas viagens que ela fez pela Europa com o Piter, visitaram Praga, Pireneus, Lisboa cemitérios dos ossos e sexo no pensões de dês euros, litrosas e zurrapas que eles bebiam pelas ruas de Madrid, Todas aquelas lagrimas eram as últimas lembranças da relação que tinham restado com o Piter.

Chegaram na tasca, estava sentado o Tiku que mostrou todos os seus dentes e expondo todo o seu contentamento com a presença deles. – Mas o que é que aconteceu de verdade na casa do Piter? Perguntou o kadjinhu.

- Queres saber mesmo de verdade? Responder com a pergunta a Chack. – Já sei, não precisas dizer, foste para a cama com ele não é!? Sua dinamarquesa adúltera, disse enraivecido o kadjinhu, depois de saber que o piter era o seu marido, sem acreditar nas lagrimas da Chack.

-não fala assim kadjinhu, nunca mais me diga isso.

-o que é que queres que eu te diga? Bandida. Ele disse ainda mais chateado e com olhos de desejo, toda aquela raiva era a vontade de estar sozinho com ela se possível nus entre quatro paredes, só imaginar a Chack não chega sentia se isso pelos olhos do Kadjinhu.

- Se queres que eu te diga antes de me mostrares esta sua parte estupida, fica a saber que ele me revelou que fugiu da nossa relação e deixou a Dinamarca e veio morar nesta cidade porque conheceu uma pessoa via Facebook e já tinham uma relação há mais de dois anos e veio aqui propositadamente para ser feliz com…

Amoleceu a fala e calou a Chack, e Kadjinhu sem importar com a dor da Chack ainda a olhava enraivecido.

- O que mais? Disse kadjinhu. E a Chack subiu a voz com ele.

-fica a saber que ele agora mora com um homem… aliás, um rapaz, há mais de oito anos aqui nesta cidade e ninguém se apercebeu. Ficou espantado o Kadjinhu mas também estupefacto por ter cruzado algumas vezes com o piter na arreia acompanhado do jovem entregador do pescado e nunca levantaram qualquer suspeita.

-meus deus. Admirado lamentava o kadjinhu. – Desculpa pela minha grosseria, tu sabes que eu não sou assim, é a primeira vez que digo estas palavras para uma mulher, e por azar é a mulher que eu amo, mas não dize-los não demonstro o meu amor e os meus ciúmes, desculpa porque eu te amo, e nunca te trocarei por outro homem ou mulher, brincou o Kadjinhu com a Chack esperando ser desculpado.

-sabes o que queria fazer neste momento?

-pode dizer meu amor.

-te deixar e largar tudo o que eu já fiz ir embora para a Dinamarca, mas não posso, primeiro me salvaste no mar, e depois me deste um rumo mostrando a bondade e a dignidade, e por outro lado eu tenho uma lua-de-mel para apreciar com o meu amor.

-que alívio. Disse Kadjinhu estalando dedo e piscando um olho ao Tiku que acabou de latir mostrando que estava acordado e a abanar o rabo.

Entraram no carro em direcção a cidade da Praia e a Chack deitada com a cabeça na almofada do carro caída para baixo fez uma pergunta ao kadjinhu.

-kadjinhu, já andei por vários lugares no mundo e já vi vários tipos de flores e aqui no Tarrafal também tem flores bonitas na praça, nas ruas e estradas, mas os homens daqui não oferecem flores! Porquê?

Kadjinhu saiu do carro e recolhei umas tantas flores suficientes para fazer um buquê e ofereceu a sua esposa e retirou uma e colocou na orelha da Chack.

-agora podemos ir? Disse kadjinhu.

Sorriu a Chack que entrou num sono de profundo descanso e de despreocupação.

 

 

 

[1] Uma espécie de vendeiras de peixe. Transportam peixes a cabeça, e entregam na casa de cada freguês consoante o pagamento.

[2] Na segunda edição será desenvolvido esta parte. A relação entre salomom kane e kadjinhu.

É desta vez que eu vou "Tarrafalar".

É desta vez que eu vou "Tarrafalar".

 

A noite empurra o dia para fora do hemisfério dando lugar à formação da arquitectura do crepúsculo aqui na Cidade de Mangui, a partir do mar de baixo uma das melhores praias do interior de Santiago, lugar onde as pessoas davam seus lugares à um finado presidente e aos seus pares para se banharem, mas também os seus colaboradores e outros bora botas, típico dos ditadores com cheiro e tiques do senhor… Pablito Escobar.

Há muito tempo que não se regista a presença do presidente Pereira, agora é a praia da democracia, a dias atrás a mesma senhora democracia trouxe a azia à muita gente. Faremos a justiça na segunda e saldaremos aqueles abusos, mas deixaremos livres todos os portadores de pereiras nos nomes e nos sobrenomes de cargos e sem cargos. Banham na liberdade daquelas águas límpidas, assim se faz a democratização do mar de presidente, dizia o primo Sabata, O Pablito pacífico dessas calçadas compassivamente violentas, mas não se enganem essas pedras olham as damas de mangue por baixo e nas tangas, depois das tangas só existe a nudez, assim como as pedras. 

Aqui é a terra dos revolucionários decepcionados com as suas causas, disse um poeta chochotando bobagem, mas, e se voltássemos lá atrás até o tempo de preto e branco, talvez justificasse a presença daqueles gajos no campo de concentração chamados de presos políticos, tinham uma boa vida, até a escolarização fizeram. Disse um estudioso das ditaduras no mundo, dizendo – e se estivessem em Boyermoor e Dachau? Talvez o Ex campo de concentração de Tarrafal de Santiago já tinha sido património da Unesco, rematava. Ai, me lembro do espírito dos banhistas tarrafalences tristes saindo da água do mar de presidente deixando os rapazes liderado pelo senhor Pereira e os Milicianos que vinham da cidade da Praia para se banharem entre a bacandeza e a bureza, mas não se enganem, tudo isso é o fruto da pureza. Da sacripantagem lúcida.

O autor deste rótulo singelo e espantado desta gente, também foi idiotizado por aquela corrente, não do mar, mas sim da doutrinação. Ainda no tempo e naquela época do mar. O mar que se fez o Mário e Luz que se fez o Lúcio coisas de um realismo mágico esforçado tendo em conta o realismo mágico de Garcia Márquez, perguntem se o mundo não era tão recente que para perguntar de uma coisa era necessário apontar o dedo, era terrível o Márquez, creio que é exactamente assim em Tarrafal, só que aqui tudo tem nome e é tão velho como o mundo, mas ninguém quer saber do nome. Sacripantas.

Há algum tempo uma alma voltou a prometer tarrafes, o objectivo era unificar os tarrafalences e procurar aquela compreensível união que existia desde a abundância daquelas árvores, ou será tarrafa? Pergunto eu em plena panfletagem mais para Sampling.

Alguém teria pegado algumas ideias e palavras para a sua promoção eleitoral nas fainas das coisas simples e pequenas, alias, eu mesmo sou pequeno, em mim, só a minha mente me ultrapassa na altura. Ouvi e registei. Um desses dias terrei de perguntar ao Manti sem por de lado ou djobi pa ladu o senhor deputado que escreveu sobre o campo - qual seria o verdadeiro nome da árvore e do dono legítimo da árvore? A ausência dessa planta é a mesma medida que tem a ausência desses presos que também estão impedidos em vários livros sobre Ex campo de concentração de se pronunciarem o porquê de terem levado a ousadia desta gente e o orgulho de serem lá do norte desta ilha arrasada pelo orgulho besta do badio. Há dias vi o pedro Martins no mar de Tarrafal a mergulhar, muitas pessoas que não o reconheceu, mas eu reconheci o gajo logo e ele também me reconheceu, olhamos penetrantemente como se fossemos inimigos, mas não, talvez é a lembrança de uma crítica que eu tinha feito sobre o seu livro num encontro no campo de concentração em que o gajo aproveitou para esculachar o comandante, mas porá o gajo, sim, o pedro pensa que ele é dono da história do Campo. Ai mandei a goela sabendo que o gajo é salvaxu, ehin.

Que tal dar uma foga ao gajo? Disse para mim mesmo, mas ele saiu da água a correr fazendo-me imaginar as corridas dentro da prisão do campo quando ele era o segundo preso politico mais novo a estar ali naquele paraíso dos cabo-verdianos.

Ainda, neste assunto, diga-se de passagem que a ausência que mais se nota no livro do dito deputado que simplesmente esgotou, um facto marcou-me naquele folhoso, é um livro mais politico-turístico do que histórico, tem lá pressas as memórias do campo que hoje esta desfigurado embora a tortura desapareceu. Oficialmente.

O certo é que cada vez mais se pede a presença desta planta e desbobinar do seu leito aquela palavra mágica. Sim. A palavra que era tão dita com amor e ternura, pois, haja o bom censo que se pede nessas alturas e em respeito à palavra, sim, a dona da palavra. Diria. TARRAFAL.

 

 

Rasa Sukuru!

 

 

Djes txomou di sis nomi kantu es trou bu nomi,

djes txomou na kantu bu perdi nomi,

Djes kumeu na kantu bu tinha fomi

Bu karapi na karni na kantu sangui kori na kosta bu homi.

 

Djes negou munti bes sen dou splikason, formas i rason.

Djes disejou na kantu es odiou ku fakon na mon, sis spluson na odju era teson.

Djes txomou mudjer di rasa, na kantu es bai buskau na grupu di ses kasta.

Djes txou mudjel preta sima sukuru, na kantu bu ventri negru era di rei di unbundu.

Djes pintaba bu kosta di burmedju, na kantu djatu ta sai na bus labius i medu.

Xikotis ki pinetrou na karni. Gera uns rostu di nobus pretu,

ki vivi mimoria di un rikesa disgrasiadu na meiu di ninhun tiston.

 

Gosi! mesmu ku nega, kel kor di sangui sata xinta na bu bexu karnudus.

Ku korpu kenti di vulkon i kurvas di grasiosa.

Mesmu kenti nhos é kes gentis ki fasi ingana panela pa fidju fika fartu,

Talves, kor di sentus di panela

ta moreba na korpus di kes mujer ki konxi abc di koraju,

di kel rasa ki sai di afrika pa bai gasadja na sensalas.

 

Djes txomou negra, na tenpu ki pé ratxadu ta tapa koba pa sukundi gran di midju.

Mesmu ki na bu stomagu prenha, bu nguli fomi pa da fartura na bu fidju.

Es negou, na kantu es da konta, kal ki é bu rasa, es ranjou un dia oficial pa bu skesedu del, mesmu dentu bu kasa.

Es ri kantu es sabi mé bo ki é kel rasa di preta, ki abri perna pa mulatu sai.

Laguas diskarapi kantu bu nobu rasa nasi livri i negru.

Mesmu asin, es nega dou palmu kantu es odjou ta labanta sen pidi un mo inpistadu.

...

...A senhora Conxita ficou viuvá de facto e fato aos 18 anos, antes já tinha sido mãe com 15 anos, o marido imigrou logo depois de três meses de casado já que a seca tomou conta do Padjigal de baixo, local onde os primeiros badios lançaram grãos de milho no interior da ilha de Santiago. Os Monas Bedju já tinham exterminado com raízes das plantas, depois de não terem mais nada para exterminar enfeitaram as ribanceiras e as ladeiras com os seus ossos ressequidos no ardente sol, era fome era grito dos chabrolas nas rochas, era seca.

Depois veio a guerra, estávamos em pleno 47, a Conxita abriu a ultima carta do marido.


"...o seu marido morreu na linha da frente de combate como herói da pátria portuguesa e territórios de ultramar, vai um vestido de noiva e um par de palito que estava nos seus pertences..."


Depois de ter lido a carta no horizontal e vertical, a conxita, muito magoada, muito enraivecida e chocada. Disse.

 

-ele, não é herói de nada, nem de Portugal e nem de mim mesma. Foi se embora e depois de três anos vem um par de palito e vestido de noiva. E um desgosto amarga no gosto na minha garganta. Onde já se viu um badiu ser herói de facto e gravata de Portugal e de território ultramarinos?

Conxita não falava muito, observava as pessoas, lia a cara das pessoas e o comportamento da sociedade, nisso foi o suficiente para ela, a Conxita começar a alugar o palito e vestido de noiva para o casamento dos jovens que foram intimadas para participarem na guerra em nome de Territórios Ultramarinos. Não havia dinheiro, e a conxita tomava terrenos agrícolas em troca de um a duas horas de aluguer de fato, gravata e vestido de noiva.

 

Assim, Conxita passou a ser dona de quase todo o terreno de padjigal de baixo, e vingou a guerra com o casamento da maioria dos jovens qua acabaram por casar.

Algumas vezes perguntaram a Conxita em sua plana velchice .

- como teve a brilhante ideia de alugar fato e gravata?

-vi que era proibido a ida de jovens casados para a guerra. Ao ouvir esta história perguntei para mim mesmo. Será que o José de elencar passou por aqui? É que no livro de José de Alencar a personagem de destaque é uma viuvinha de quinze anos.

A dona Conxita morreu a 10 anos e esta história ela me contou numa das muitas cololas que fiz por esta Tarrafal.

...

Desejo que a mesma afluência de pessoas nas nossas livrarias e Bibliotecas espalhas a nível nacional, afinal a afluência e o apetite pela compra dos livros no “Logos Hope” surpreendeu muita gente inclusive os escritores e autores que anseiam ver os seus livros nas mãos dos jovens, adultos e as crianças a serem lidas debatidas e sobretudo que batesse record´s de edição, inclusive que enchesse as prateleiras de “Logos Hope”. Que apetite tem o cabo-verdiano pela leitura e compras dos livros. Pelo menos esperaram a chegada de “Logos Hope” para demonstrar. E a partir dai! como é vai ser Berdeanos, o habito é para continuar continuar? Mas não precisam de se preocuparem tanto, é que temos um Plano Nacional de leitura que não ata e nem desata, e muito menos "tacar palavras na cabeça".

As striliadas

 

As mulheres que lêem livros é coisa de noutro nível e os copos de leite e as estriliadas estão incluídos nisso.
As striliadas são mais educadas e simpáticas e merecem ser catalogadas de copo de leite. Normalmente, estão nos seus mundos, um mundo pacifico e de vícios saudáveis como a leitura, filmes, admiração pela arte, cultivam a boa forma de estar na vida, e quando a boas forma dos copos de leite não forem compreendida ou aceite, é porque deixou de mandar boca a toa, começou a deixar a falar mal do politico, começou a ter as suas agendas organizadas e começou a aceitar que o apelido de striliada é um incomodo bom, mas não aceitam, por serem vitimas de alguma deturpação das suas realidades, o que mais amo nos copo de leite é que alem de eles serem óptimas pessoas têm atitude suficiente para dizerem. NÃO.


Viva e convive com um copo de alguma coisa...

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